quinta-feira, 7 de junho de 2012

Ato falho



Ato Fal(h)o


Em homenagem ao Biscate Social Club.


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O falo devia ser um detector de mentira

Pra você não fingir seu orgasmo

Pra não obstruir aquele espasmo
não pra mim
não assim.

Falo de quando você suspira
(e da brochada surge o marasmo).

Se, sem mais, o falo falhasse
e o amor se estraçalhasse
o sexo seria ruim
e isso seria o fim.

Falo pra que você adquira
a capacidade de mostrar o que quer
venha a vontade de onde vier
tenha vindo do rim
ou do lençol de cetim.

Falo constrangido não respira
e, sem mais, se asfixia.

O diálogo vira disritmia,
os corpos não dizem "sim";
os corpos se afastam, enfim.

Falo do falo pra não falar de mim
do homem que é um saco
embora descenda do macaco.

Não faz do sexo satisfação
'ind'inventa um amor tão distante do tesão
E entre o que falha do falo
e o que fala esta falha
fica a única explicação:
você mente pro outro, quando mente pra si;
ele mente mais um pouco, quando mente por um "sim".
By MBF - 11/05/2012
Crédito da Imagem: Orlando Pedroso.


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O desejo X A culpa

Orgasmo Masculino Fake: o Desejo X a Culpa

Há alguns dias eu recebi um desafio. Sim, teve uma reunião das Bisca que decidiram me interpelar brutalmente (DM no Twitter, com twit de “@Mozzein —>DM”) para que eu falasse de um tema complicado para nós, homens: orgasmo fingido, broxada. A ideia era aproveitar as discussões resultantes do post “Orgasmos: é à brinca ou é à vera?” da Renata Lins e da Silvia Sales e preparar um dedo na nossa ferida… (O post foi tão bom que rendeu a homenagem do Matheus, confira aqui) e fiquem calmos, o dedo vai só na ferida mesmo. Como eu sou muito #FACINHO, aceitei imediatamente, pois, já que eu estou fazendo hora e fazendo fila na vila do meio-dia, não custa nada me coçar, me roçar e me viciar na biscatagi…


A questão principal é HOMEM FINGE ORGASMOS? Como isso poderia acontecer? Há quem diga que homem só broxa e que fingir orgasmos é coisa de mulher… pê-pê-pê, pá-pá-pá, sexismos etc. e tal. Só digo uma coisa pra vocês, dispam-se disso. Homem finge orgasmo sim. Vamos pensar em conjuntos, em inter-relações e em trocas para tentar entender isso… se eu abusar do sociologês, pode bocejar e continuar lendo, mas vamos lá.
Primeiro, sexo e orgasmo (heterossexual e homossexual) é algo que se descobre a dois. Não existe uma receita. Existe prática, conhecimento do outro, cumplicidade. Pode rolar de primeira, delícia que sempre seja assim, mas se não rolar (e, pior, se não está rolando) é importante se conhecer. Colocar o nariz, a língua, o dedo, a boca, usar de todos os artifícios que o nosso corpo permite (e que não o “destrua”) para aproveitá-lo, na plenitude.
Outra coisa é o autoconhecimento. Não adianta querer meter o dedo (y otras cositas más) no outro se não sabemos onde o outro pode colocar na gente. “SE TOQUEM”, sempre digo isso! (aliás, se você não leu, veja lá a situação do Gerônimo!) É preciso que as pessoas pratiquemos isso! Como pretendemos ter algum tipo de prazer sexual, despejar o gozo do nosso desejo (que envolve 2 partes, o psicológico e o somático, a mente e o corpo) se, no mais simples, no nosso corpo, nos recusam a nos TOCAR??? Irrita-me, profundamente, quando escuto certos discursos que, muitas vezes veladamente, condenam o autoconhecimento. Pior, que condenam o reconhecimento do próprio corpo como um elemento de satisfação.
Sim, o nosso corpo é um elemento da nossa satisfação. Ninguém está aí para ser a satisfação do outro (o nome disso é estupro, físico ou cultural, sim, se você finge o orgasmo você pode estar sendo culturalmente estuprado). E o bom é que se alcance a satisfação com o outro, juntos, senão não serve. Pra isso, há uma terceira questão: A CULPA. Sim, essa senhora é o algoz de todo o DESEJO. CULPA, CUL-PA, C-U-L-P-A. Pessoal, familiar, social, ou cultural, a culpa é o motivo de muitos orgasmos fingidos. É a culpa de ser gordo em uma sociedade magra, de ser feio em uma sociedade linda, de ser raquítico em uma sociedade atlética, de transpirar em uma sociedade anti-transpirate. Mas esse é só o primeiro nível de culpa, pois envolve apenas aspectos fisiológicos.
Outro nível é a culpa de gozar. Não só de gozar, mas de se permitir fazer sexo. É a dos jovens de pais repressivos, dos homossexuais de pais homofóbicos, dos religiosos de seitas que pregam a suma reprodução, dos diferentes que sofrem com os dedos apontados pelos iguais. Haja Freud! Se encaixou em alguma delas? Pois é, é aí que começa o fingimento do seu, do meu, do nosso orgasmo, querido leitor-leitora biscate-wanna-be. Sim, isso serve para as meninas.
Isso tudo me traz à cabeça Clarice Lispector no “Uma aprendizagem, ou o Livro dos Prazeres”, que conta o processo de emancipação sexual de Lóri, levado a cabo por Ulisses. Não vou entrar em detalhes sobre a história (cuja leitura, mais que recomendo), me interessa a questão da emancipação que, no caso, ocorreu pelo fato de que alguém que exercia um papel de dominância (Ulisses) resolveu permitir ao outro, que queria e buscava isso, um processo de liberação.
O processo de aprendizagem é algo difícil, doloroso e, em certo ponto, pende entre alienante e emancipatório (a Lóri passa por esses estágios). Já diria meu querido Bourdieu (mais especificamente sobre a escola) que a reprodução de um sistema de dominação (e, sim, educação sexual da culpa é uma das mais fatais em nossas vidas) é principal motor de um “sistema de alienação”. Cabe, assim, a todos nós dominadores ou dominados, ou dominados em conjunto. Trabalhar pela nossa emancipação.
Todo processo de aprendizagem é um processo de dominação. Há sempre o que diz (ou faz) e os que reconhecem que aquilo o que é dito (ou feito) é “bom” (ou “ontologicamente melhor”, pra usar o Bourdieu). Sem querer reduzir a questão sexual apenas à questão simbólica do poder, cabe a quem domina, a quem tem o reconhecimento, decidir sobre exercer seu poder para emancipar, ou praticar a violência e alienar. E cabe ao dominado buscar ver o processo por cima, de forma crítica e entender a intenção do seu dominador. O mundo pode até ser dos sensíveis, mas não é dos ingênuos… infelizmente!
E não se enganem, alienação sexual é também uma escolha e é NOSSA. Pelo simples fato de que somos nós que reconhecemos nesse sistema a suas capacidades de nos dizer o que é certo ou errado sexualmente. Mas não é só isso, felizmente. Não é comum, mas vira e volta surge um desses “dominadores” (no sentido de detentores de poder/conhecimento/reconhecimento e não de repressores) que resolvem se permitir conosco modificar essa situação e, aí, acontece a reversão da dominação. Afinal, o que seria de nós sem os pais responsavelmente permissivos, os professores avant garde, os meios de comunicação libertários, os movimentos pelas liberdades, os psicólogos e psicanalistas.
Onde fica o orgasmo masculino fingido nessa história? Fica principalmente nessa culpa decorrente do nosso processo de alienação sexual. O homem não finge o orgasmo pela ausência de uma regularidade fisiológica, a impotência. Fingir o orgasmo não tem nada a ver com isso, aliás, precisamos estar em riste para poder fingir algo que não vai ocorrer. É justamente nas questões de autoconhecimento e de culpa que reside o nosso momento #FAKE.
É assim: Veio a vontade, começamos a trepar, mas o parceiro gemia esquisito; a foda estava mal dada, entrou atravessado; colocaram a mão no lugar errado, ou não colocaram a mão em lugar nenhum; conversou muito, conversou pouco; a culpa afligiu o desejo… era suor demais, gordura demais, ossos demais, dente torto demais, mau cheiro e sangue demais; as vezes o tesão nem era tão grande e só pegamos para mostrarmos que éramos homenzinhos; pegou menina e gostava de menino; era a voz da mãe, do pai, da avó, do pastor, do padre, do professor, ou da vizinha que não saía da cabeça; ou, ainda, o mais simples e digno, o cansaço era maior.
E aí, assim, metemos, beleza. Rolou um vap-vap-vap. Mas não tava lá essas coisas. Aí, atire a primeira pedra que nunca pensou na mãe morta, no cachorro atropelado, na vizinha velha nua, ou simplesmente broxou (e volto a dizer, não é algo somático, não é impotência, é psicológico, é falta de vontade, de desejo), por ter escutado lá dentro, no inconsciente, a voz de algum repressor. Então, é só dar um urro e não deixar a falta de conteúdo dentro da camisinha à mostra. Pronto, está feito um orgasmo masculino fingido. Acontece, pode até não ser comum, mas não é raro. O que faz com que ele ocorra? São motivos mil, incontáveis, a maioria dependente da ambivalência Desejo-Culpa. Não deixe acontecer mais com você. LIVRE-SE DA CULPA!
Só pra lembrar, vale ver o vídeo em que Sean Maguire (personagem do Robim Willian) lembra a Will Hunting (personagem de Matt Damon) que “NÃO É SUA CULPA”, no filme Gênio Indomável. GOZE!

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terça-feira, 5 de junho de 2012

crime compensa - Stanley Morgan

Economia brasileira

04.06.2012 16:26

Analista do Morgan Stanley sugere que Brasil construa pontes em vez de eliminar pobreza


Artigo do indiano Ruchir Sharma na revista Foreign Affairs diz que Bolsa Família reduziu desigualdades à custa de crescimento. Foto: Divulgação
O Brasil tem a tendência de limitar seu próprio crescimento por ser “viciado” em proteger seus cidadãos com benefícios sociais custosos, como o Bolsa Família, o que torna o país vulnerável à inflação.
 A polêmica análise é do economista indiano Ruchir Sharma, chefe de mercados emergentes do banco de investimentos Morgan Stanley, em um recente artigo publicado na revista norte-americana Foreign Affairs.

 O texto, uma adaptação do livro Breakout Nations — In Pursuit of the Next Economic Miracles (Nações em Ascensão — Em Busca dos Próximos Milagres Econômicos, em tradução livre), mostra como, mesmo em meio à grave crise provocada pelos exageros do neoliberalismo, esta ideologia continua sendo difundida.

Em seu texto, Sharma afirma que durante os dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) o Brasil se tornou um exemplo de mercado emergente responsável no campo financeiro e capaz de incluir 30 milhões de pessoas classe média, reduzindo a desigualdade de renda com programas como o Bolsa Família. O dinheiro destas iniciativas veio, prossegue Sharma, da alta nos preços das commodities e, com a tendência de queda nos valores destes itens, os programas sociais se tornaram inviáveis, passando a sacrificar o crescimento do País. “O Brasil precisa entender que poderia bancar essa iniciativa [a redução da pobreza e da desigualdade] somente graças a um período de vasto crescimento global que começou em 2003″, diz em um trecho do artigo. Em outra parte, o economista é mais incisivo (chega a definir o Bolsa Família como, talvez, o mais generoso programa de bem-estar social entre os países emergentes): “A assistência reduziu a desigualdade, mas à custa do crescimento.”

A análise neoliberal do indiano atrela os gastos do governo na área social (40% de acordo com seus critérios) com os problemas da indústria. Segundo Sharma, a verba usada para gastos sociais é oriunda do aumento de impostos que deixa as empresas com menos dinheiro para investir em treinamento, tecnologia e equipamentos, comprometendo assim a produtividade da indústria. Para Sharma, até mesmo políticas como acesso gratuito à educação e saúde, além do “alto” salário mínimo do país, fazem do Brasil um país “muito conservador”, sendo necessário cortar gastos com o bem-estar social, simplificar os impostos e modernizar o sistema de pensão e de segurança social.

Sharma conclui seu pensamento dizendo que é preciso aproveitar o capital estrangeiro que entra no País por causa das altas taxas de juros para investir em infraestrutura crítica para a exportação e não para sustentar programas de distribuição de renda. Segundo o analista, o Brasil deve seguir o exemplo da China: abertura para o comércio global, com baixos níveis de juros para fornecer capital barato e financiar rodovias, pontes e portos. Ou seja, fica a mensagem de que é mais importante construir ferrovias e pontes, por exemplo, que eliminar a pobreza.

Textos como o de Ruchir Sharma mostram a resiliência da ideologia neoliberal, apoiada, em grande parte, na desfaçatez de muitos de seus adeptos. O Morgan Stanley, para quem Sharma trabalha, foi um dos gigantes do sistema bancário norte-americano fortemente afetado pela crise de 2008. No auge da crise, o banco chegou a registrar queda acima de 50% em suas ações da bolsa. O Morgan Stanley só foi salvo graças a um procedimento considerado um pecado pelos neoliberais, a intervenção do estado. Afundada, a instituição precisou deixar o status de banco de investimento e virar uma “holding de bancos” para ter acesso aos empréstimos concedidos pelo FED (Banco Central dos EUA). No total, recebeu empréstimos de mais de 100 bilhões do governo americano. A última trapalhada do Morgan Stanley foi ser subscritor da oferta pública do Facebook, cujas ações sofreram vertiginosa queda dias depois do IPO.

Para entender o texto de Sharma, é preciso compreender a natureza de seu autor. O indiano escreve como um analista de banco, cujo objetivo é lucrar e não administrar um país. Por isso, como boa parte dos neoliberais, defende a aplicação de um receituário de corte de gastos a qualquer preço, mesmo que isso sacrifique a população de baixa renda e não leve em conta que o dinheiro injetado na economia por programas de redistribuição de renda contribua para incentivar o comércio, a gerar empregos e movimentar a economia.

quadrinhos


04 Junho 2012

História em quadrinhos transgride Ditadura Militar brasileira


“Esta semana a presidente Dilma Roussef instalou a Comissão da Verdade, que pelos próximos 4 anos irá apurar violações aos direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988. A ditadura militar ocorrida no Brasil está dentro deste período. Há um certo impasse sobre qual a abordagem a comissão deve tomar, se somente as violações cometidas pelos militares ou se também voltará seu escopo para as ações dos guerrilheiros.

Em meio há tudo isso, uma história em quadrinhos nacional lançada de maneira independente traz uma abordagem não maniqueísta da época, onde convicções políticas e questões pessoais misturavam-se, gerando consequências inesperadas.

“Ditadura No Ar” é uma HQ policial ambientada no regime militar brasileiro. Esse thriller de ação policial foi criado pelo roteirista e editor Raphael Fernandes (MAD, Wizmania) e pelo desenhista Abel (Almanaque Gótico,CecilleVeronika).

Até o momento, o fotógrafo freelancer Félix Panta investiga o paradeiro de sua namorada comunista Nina (vulgo Lenina), capturada pelo DEOPS durante um protesto contra o regime militar. Seus planos deram errado e, além de não encontrar a garota, teve sua máquina fotográfica danificada.

Na segunda edição, Félix é contratado para acompanhar um repórter novato ao esconderijo de Samarca, um guerrilheiro de esquerda que conseguiu fugir de um presídio militar. Sabendo que ele foi capturado no mesmo final de semana que Nina, o fotógrafo carcamano vê neste trabalho uma chance de conseguir alguma pista.

Fortemente influenciada por Agente Secreto X-9, Sin City, 100 Balas, cinema noir, fumetti, Clint Eastwood e Quentin Tarantino, a narrativa foi construída para simular as tiras clássicas de aventura, que geravam uma tensão cativante, mas sem revelar o desfecho da cena, obrigando o leitor a voltar na semana seguinte.

Inicialmente publicada na internet, “Ditadura No Ar” cresceu e migrou para o formato impresso, rendendo ao roteirista Raphael Fernandes a indicação na categoria “Roteirista Novo Talento” no Troféu HQMix de 2012.”
FOTO: Divulgação

domingo, 3 de junho de 2012

Primo

“Já não faz muito tempo que eu andava a pé, não pegava nem gripe, muito menos mulher. Só pegava poeira, nem olhavam pra mim. Quem não tem dinheiro é primo primeiro de um cachorro. Agora eu tô mudado, o meu bolso tá cheio, mulherada atrás. Vem ni mim, Dodge Ram!”

Israel Novaes / Raphael Barra