segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Como Nossos Pais

Não quero lhe falar,
Meu grande amor,
Das coisas que aprendi
Nos discos...
Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor
É uma coisa boa
Mas também sei
Que qualquer canto
É menor do que a vida
De qualquer pessoa...
Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal
Está fechado prá nós
Que somos jovens...
Para abraçar seu irmão
E beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço,
O seu lábio e a sua voz...
Você me pergunta
Pela minha paixão
Digo que estou encantada
Como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento
Cheiro de nova estação
Eu sei de tudo na ferida viva
Do meu coração...
Já faz tempo
Eu vi você na rua
Cabelo ao vento
Gente jovem reunida
Na parede da memória
Essa lembrança
É o quadro que dói mais...
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos pais...
Nossos ídolos
Ainda são os mesmos
E as aparências
Não enganam não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer
Que eu tô por fora
Ou então
Que eu tô inventando...
Mas é você
Que ama o passado
E que não vê
É você
Que ama o passado
E que não vê
Que o novo sempre vem...
Hoje eu sei
Que quem me deu a idéia
De uma nova consciência
E juventude
Tá em casa
Guardado por Deus
Contando vil metal...
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo,
Tudo o que fizemos
Nós ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Como os nossos pais...


Tragédia!
Uma sociedade consumista e hedonista produz mortes diárias de jovens que não controlam o álcool e saem em desabaladas carreiras, em geral, nas madrugadas de sábado e domingo. Todo fim de semana a mesma rotina se repete. Quando não são os baladeiros são outros jovens inocentes, certinhos no comportamento social, as vítimas deste holocausto.

E quase todo mês, execuções em alguma escola dos Estados Unidos. A morte cobra dos jovens seu preço.

Nada desta catástrofe se parece com o que aconteceu sábado em uma boate em Santa Maria, Rio Grande do Sul. Mais de 230 jovens universitários morreram, a maioria por asfixia, além de outros 80 gravemente feridos em vários hospitais.

 Reli novamente a postagem que ofendeu tanto o LC, fico louco. E lá está uma crítica ao trote idiota, sem nexo, sem sentido, como são estas festas regadas a cerveja, música que nada tem a ver com cultura, com reflexão, que servem apenas para diversão. Uma sociedade como esta que aí está, que busca sempre e a todo momento acumular bens materiais, onde tudo vira mercadoria, onde a pessoa vira consumidora, cliente, um número de cpf, outro de rg. As pessoas se refugiam, ou melhor, fogem da realidade dura, vazia como é vazio um deserto, e desesperados procuram numa cerveja, numa balada, na droga, algo para esquecer os males do mundo. Qual é a diferença destes jovens com os da cracolândia a menos na intensidade desta fuga.

Ganhar, ganhar sempre, ser um vencedor. Ter sempre mais e mais. Poder, dinheiro, amigos, não interessa se falsos ou não. O brilho falso enganou Fernão Dias, como a pirita engana muitos tolos. A mercadoria, o consumo pelo consumo, como a pirita frusta todos que a procuram. Ela, a mercadoria, é o diabo que compra a alma dos Faustos, que ao final se desesperam.

Não, não defendo uma sociedade sem festas, sem alegria, porque a vida é alegria. Alegria de dar e receber.

A minha geração morreu lutando para que não acontecesse isso. Preferimos morrer a viver de joelhos, ou cegos ao senhor capital.

Quero prestar homenagem aos colegas da física da USP, José Arantes de Almeida, Jeová Assis Gomes, Ichiro Nagami, Lauriberto José Reyes, Wilson Silva, Luis Carlos de Almeida, morto no Chile, Ramon Valera Ortiz, morto na Nicaraguá. Todos tragados pela longa noite que se abateu sobre este país. E a Ottoni Guimarães Fernandes Jr. que morreu no dia 03/janeiro/2013 e que passou 7 anos preso.

 A vocês que me ensinaram a sonhar e lutar, que me ensinaram a ser digno e honesto, pois sabíamos que se não tivéssemos confiança em nós e em nossos companheiros não nos moveríamos porque éramos caçados como inimigos públicos número um do regime, honra e glória eternas!

Vida eterna à minha comandante Sonia, Maria Augusta Thomás, assassinada em Rio Verde - Goiás juntamente com Márcio Leite Toledo cujo corpo nunca foi entregue à família. 40 anos, e seus ossos até hoje assombram os torcionários. Seu pai já faleceu sem poder orar em sua campa, sua mãe está cada vez mais debilitada. Por que tanto temem um cadáver. Por que não devolvem seus ossos à sua mãe?

E, vendo tantos jovens morrendo em guerras sem sentido, jovens matando jovens, jovens morrendo e vivendo num mundo sem ideal, jovens que ficaram velhos, antes de beberem a felicidade de sentir a vida, em sua plenitude, que só pode acontecer quando se tem um ideal de dividir com a humanidade nossas alegrias, nossos ideais, nossos bens.

28 de janeiro de 2013

André Tsutomu Ota - Bio da ALN - MOLIPO



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