sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Pseudo-literatura: café não te deixa mais cul

Franz Kafka, um clássico da literatura mundial, disse:

"precisamos de livros que nos afetem como um desastre, que nos entristeçam profundamente, como a morte a quem tenhamos amado mais que a nós mesmos, como ser banido para florestas isolas de todos, como um suicídio. Um livro deve ser um machado para o mar congelado que há dentro de nós".


Kafka então foi pessimista? Mas tinha que ser como? Disseram que a beleza vai salvar o mundo. Não, quem vai salvar o mundo é o feio. É aquele que vai entrar no hospital e dizer: “isso aqui está uma porcaria”. O pessimista é aquele que desconfia de tudo. Isso é desmanchar a realidade, como: “eu não aceito o que tem, acho que dá para melhorar”. É nesse sentido que eu acredito que o pessimismo vai salvar o mundo. Não posso estar satisfeito, tenho que estar insatisfeito. A minha religião é essa: ser pessimista.


Ou seja, se ocupem com os livros superficiais e fúteis e esquecem os que realmente incomodam, os quais levam nas entrelinhas a subversão, que desperta o homem. Além disso, há a necessidade de se possuir algo que faça o sujeito tão importante quanto os outros do seu clã, pois todos que acompanham o mundo literário devem saber que a moda agora são livros eróticos, livros eróticos que citam "50 Tons de cinza" na capa, e o "Crepúsculo", que são publicadas como livros eróticos ou do momento.


A verdadeira literatura é a que representa a angústia do homem pós-moderno. A literatura precisa manter na sua história uma descrição, uma indagação, um exame do drama do homem. Um bom escritor deve ser seu inimigo. Seu verdugo. Seu torturador. O traidor das verdades que pensa ser suas. Aqui é analisar a condição do homem, é cutucar o sujeito, dizendo: "acorda". A verdadeira arte, na vida pessoal, no ponto de vista do indivíduo, modifica profundamente. Ela coloca a nossa condição em um patamar diferenciado.

É preciso, pois, resgatar a autonomia do ser humano para que se possa construir uma sociedade autenticamente democrática. É preciso dar ao homem condições para que pense a sociedade em que vive, para que reflita e se posicione diante da indústria cultural literária que o ameaça de extinção. Para isso, penso, o único caminho é a educação, não uma educação pautada nos mesmos valores de técnica da indústria cultural, mas uma educação que prime pela formação de um cidadão livre.



Mas, se o governo não coloca uma educação livre, como se é facilmente compreensível o porquê; se o Estado não insere a Filosofia e a Literatura nas escolas como deveriam ser, os filósofos e os escritores devem levar a Filosofia e a Literatura às ruas, a todos os recantos da sociedade, sem a concepção elitista de que para filosofar e ser letrado é preciso estar nas grandes academias.
Nossa ascensão cultural e intelectual depende unicamente de nós e de nossa independência desses meios nocivos que nos são apresentados em nosso cotidiano. A sociedade de consumo em que vivemos está na contramão de uma sociedade mais justa em que o espírito humano se desenvolva rumo a uma verdadeira evolução benéfica, que nos proporcionará mudanças realmente significativas.

 Trechos do
Artigo da autoria de Marcelo Vinicius.
Escritor e agitador cultural. Estudante de Psicologia. Faz parte do projeto de pesquisa e extensão sobre cinema e produção de subjetividade (Sala de Cinema) e do projeto de pesquisa em Psicologia Social na Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS..

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