domingo, 17 de fevereiro de 2013

A FIFA É TERRORISTA



A FIFA QUE É TERRORISTA, NÃO OS MOVIMENTOS SOCIAIS DO BRASIL.
                    
Havelange, Massera, Videla e a Copa da Argentina 78. 





                  Depois de havermos chegado à conquista de nossa democracia através das forças populares, políticas, sociais, humanas e de todas as agremiações agrupadas em Movimentos Sociais que lutaram contra a Ditadura, poderemos agora, por força e exigência da FIFA vir a considerar nossos combatentes sociais agrupados em “Movimentos Brasileiros”, como “TERRORISTAS” e serem eles durante a Copa, submetidos a agentes de segurança de empresas estrangeiras internacionais que serão contratados como seguranças do evento.

Independentemente de nossa soberania e com a complacência servil e submissa de parlamentares, deputados e senadores, serenamente estão achando que o fato de regulamentar a entrega da listagem dos Estatutos e CNPJ´s destas entidades brasileiras aos donos do futebol e por tabela a agências internacionais de inteligência, possivelmente policiais e políticas, este episódio pode ser meramente considerado por eles como apenas de importância relativa e transitória.

Não existe soberania se ela pode ser suspensa por eventos ou fragmentos de transitoriedade, assim como não existe liberdade se a qualquer momento podemos adjetivá-la, manipulá-la, e renunciarmos a ambas apenas pelo belo prazer de fazer uma Copa, enquanto o povo está extasiado pelo evento, um esquecimento das lutas emancipatórias de nossas conquistas de cidadania, será um encontro com a vergonha de nossa história que viemos resgatando.

Isso é coisa das ditaduras.

Não existe excesso de liberdade, não existe liberdade controlada, a não ser nas ditaduras onde o povo é apenas massa de manipulação. A liberdade e a soberania são unívocas, incontestes, não sendo uma Copa que vai nos fazer entregar aos desejos internacionais a informação e o controle de nossos “Movimentos”, como se nossa soberania estivesse à mercê da vontade destes “donos” do futebol.

Levantemos então, quem foram os “terroristas do futebol” quando nos anos das ditaduras Latino-americanas os “cartolas”, Havelange (FIFA), seu genro e alguns vários militares que faziam da seleção brasileira um instrumento do governo ditatorial, vendiam através do futebol eventos como o Mundialito no Uruguai, ou a transferência da Copa de 1978 para o ditador argentino Jorge Rafael Videla, que ia aos jogos enquanto comandava o extermínio de 30.000 vidas escondendo o terrorismo de Estado. Nesses anos eles negociavam para as ditaduras a manipulação dos eventos mundiais para que a consciência de liberdade e democracia ficasse estagnada sob as botas e fuzis do autoritarismo de Estado que ajudaram a esconder.

Será uma vergonha para nós brasileiros entregarmos esta lista de “Movimentos Nacionais” ao controle da FIFA e a empresas de segurança internacionais por força da transitoriedade dessa Copa.

Terrorista é a FIFA, com essa exigência que viola nossa consciência e nossa soberania.
João Vicente Goulart
Diretor Instituto Presidente João Goulart


Carta Capital

Educação

15.02.2013 12:52

Escolas empobrecidas: sem História nem Geografia

A escola vive uma profunda crise de legitimidade*. O mundo mudou, ficou complexo, novas demandas surgiram. Os estudantes na escola também são outros, diversos na origem e nos interesses. Os professores carecem de condições para um trabalho digno. A sociedade alterou suas expectativas referentes à escola e, assim, criou-se um complicado jogo de múltiplas contradições e, para essa complexidade, não cabem respostas e políticas simplistas.
Foto: Celso Júnior/AE
Foto: Celso Júnior/AE
Afinal, para que a escola existe? Para formar adequadamente as gerações futuras ou para preparar os estudantes para avaliações externas como Enem, Saresp, Prova Brasil, Pisa etc.?
A que se destinariam os conhecimentos? Deveriam eles compor um mosaico para criar curiosidades, desejos e perguntas nos estudantes ou só serviriam para produzir informações para uso em testes de avaliação?
Nós, pesquisadoras de educação, ficamos mais uma vez perplexas ao nos depararmos com a nova proposta curricular do ensino público do Estado de São Paulo. Para bem aprender o Português e a Matemática, sugere-se excluir os conhecimentos de História, Geografia e Ciências do 1º ao 3º ano e manter 10% dessas disciplinas no 4º e 5º anos do currículo básico. Por essa nova proposta, ficou assim decretado: doravante, por meio desse novo currículo básico, as crianças de escolas públicas estaduais só receberão, até o 3º ano, aulas de Português e Matemática! Partindo do pressuposto evidentemente errôneo de que um conhecimento atrapalha o outro, as aulas de História, Geografia e Ciências serão eliminadas do currículo desses estudantes.
Como consequência dessa política, nas escolas de tempo integral, o aluno terá aulas em um período e, no outro, oficinas temáticas das diferentes áreas do conhecimento, algumas obrigatórias e outras eletivas escolhidas de acordo com o projeto pedagógico da escola.
À primeira vista, esse currículo está “rico” e diversificado; no entanto, pelo olhar sério e comprometido, ele estará fatalmente fragmentado. Primeiramente porque verificamos que as oficinas obrigatórias também não objetivam, do mesmo modo, um trabalho com História, Ciências e Geografia; pelo contrário, voltam-se novamente para a Matemática e para o Português.
Além disso, como trabalhar a oficina optativa, por exemplo, de Saúde e Qualidade de Vida sem os fundamentos das ciências? Intriga a essa altura saber: por que oficinas e não estudo contínuo? O que se ganha com isso? Vários equívocos nos saltam aos olhos! O primeiro deles é considerar que o conhecimento de algumas áreas é acessório, ocupa espaço e ainda impede o bom aprendizado do Português e da Matemática!
As concepções de escrita e leitura, por exemplo, acabariam por ser responsabilidade exclusiva de uma única disciplina do currículo. Não seria essa uma visão muito simplista de aprendizagem, pois parece supor que o estudante não desenvolve processos de escrita e leitura também em outras disciplinas?
Outro equívoco é a suposição de que para estudantes de escola pública o mínimo basta! Para que sofisticar com lições da história, da natureza e do lugar do nosso povo? Conhecimento científico seria enfim útil para quê?
A aprendizagem não ocorre por partes. O aprendizado é todo ele integrado e sistêmico. Um bom ensino de História expande o pensamento e as referências e o estudante, assim, tem condições para perceber relações de fatos, tempo e espaço, tão necessárias à aprendizagem matemática.
A Geografia leva nossos pensamentos para viajar em outros espaços; possibilita compreender a diversidade das sociedades, conhecer e apreciar a natureza, aprender a observar e a estabelecer conexões entre lugares e culturas. Mergulhados, assim, nesses novos referenciais, os estudantes podem compreender melhor a própria realidade e encarar suas circunstâncias com pleno envolvimento. Isso certamente repercutirá na sua vida e no seu aprendizado, com consequência, por exemplo, em estudos simbólicos e gráficos.
Como deixar de aproveitar a natural curiosidade das crianças, seu espírito exploratório, suas perguntas intrigantes acerca dos fenômenos da natureza e, dessa forma, tecer as bases de um fundamental espírito científico, que por certo ajudará a compreender a Matemática e a recriar o Português?
Será que a estratégia de oficinas, ao invés do estudo contínuo, dará conta de captar tal complexidade e também de tornar possível um processo de ensino-aprendizagem que seja capaz de construir os conhecimentos de Geografia, História e Ciências que ficaram tão diminuídos no currículo básico?
De nosso ponto de vista entendemos que a questão não é separar para empobrecer. O que vale é democratizar as possibilidades de ser e de estar melhor no mundo. E para que isso aconteça precisamos da integração total de saberes e práticas.
As crianças de classe social mais favorecida possuem, antes já de chegar à escola, uma gama infindável de vivências. As crianças de classe popular, em sua maioria, chegam já à escola destituídas desse capital cultural. Possuem outras ricas e profícuas experiências que, nem sempre, são valorizadas e transformadas na escola. No entanto, o importante é trabalhar pedagogicamente com essas experiências de modo a transformá-las em vivências socialmente válidas. Pensamos que o fundamental é ampliar as oportunidades ao invés de restringi-las; para tanto, a experiência com as diferentes áreas do conhecimento é essencial.
Preocupa-nos o risco de a função da escola, para as crianças dos anos iniciais, limitar-se, a partir da reforma proposta, ao ensino das habilidades mínimas de leitura e escrita e de cálculo, retirando-se as cores e os sabores das descobertas que se fazem no contínuo do seu desenvolvimento. Preocupa-nos que esse projeto ganhe força e se concretize em outros níveis de ensino e em outros Estados. Preocupa-nos que as oficinas contribuam mais para o esvaziamento dos conteúdos do que para a construção de conhecimentos. O que será da nossa escola pública, então? Um reducionismo dos conhecimentos, um estreitamento das concepções de ensino-aprendizagem? O objetivo final será a quantificação em detrimento da qualidade? E, se atingir índices é o foco dos processos de ensino-aprendizagem, o que isso realmente significa? Qual é a verdadeira motivação da política educacional implícita nesse movimento?

As autoras Maria Amélia Santoro Franco (Unisantos), Valéria Belletati (Instituto Federal de São Paulo), Cristina Pedroso (USP/FFCLRP) são doutoras em Educação e Ligia Paula Couto (Universidade Estadual de Ponta Grossa) é doutoranda em Educação. Todas são pesquisadoras do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre a Formação do Educador (GEPEFE) – FEUSP.

Sua opinião

  1. Ademar de Freitas disse:
    O Jornal Nacional da Rede Globo, noticiou o fato? Para que serve os meios de comunicação, senão, para informar o povo, das coisas relevantes. Ótimo artigo.
  2. Jussara Carneiro disse:
    Na visão do secretário de educação SP, dr. Herman Jacobus Cornelis Voorwald - graduado, mestrado, doutorado e pós doc em engenharia mecânica, História, Ciências e Geografia são disciplinas totalmente desnecessárias do 1o. ao 5o ano. Existe ensino desnecessário? Suprimir o conhecimento que leva o indivíduo a pensar sobre si, sobre sua comunidade e sociedade é desnecessário para quem? A quem (quens?) interessa a retirada de conheimento do 1o. ao 5o. ano? Parece que São Paulo é um estado pródigo em lançar projetos na secretaria de educação que visam contribuir com o analfabetismo e pouco aprendizado. Em 1997 a secretária de educação Dra Rose Neubauer (gradruada, mestre e doutorada em Educação) impôs a aprovação automática chamada por ela de “progressão continuada”; Naquele momento, a política veio com a justificativa motivacional: o aluno não reprovado continuaria na escola - não haveria evasão escolar que era alta - e as EVENTUAIS falhas seriam FACILMENTE corrigidas dentro do próprio ensino. Nem precisa declamar o resultado: são 16 anos e temos explícito os analfabetos com certificado de conclusão do ensino médio espalhados e trazendo muito problema para sociedade: basta consultar os RHs das empresas. Agora o governo de SP volta com uma proposta ANALFABETIZANTE para o ensino do estado. Chocante!

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