terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Eu, minha boca suja e algumas reflexões sobre discurso, léxico e ideologia






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*Aviso axs leitorxs: o texto que virá a seguir contém palavras de baixo calão, as quais não pude evitar mencionar.
 O título desse texto parece meio acadêmico demais né? Mas é que lembrei dia desses de um episódio que ocorreu comigo no Orkut (que descanse em paz), na época em que este ainda era a rede social favorita de quase todo mundo…
PALAVRãoTudo começou numa noite em que postei umas fotos de quando eu, feliz e contente, estive numa emissora de rádio aqui de Sampa para comemorar o Dia Mundial do Rock. Eram fotos com os locutores, fotos do estúdio, fotos minhas papagaiando ao lado dos instrumentos, fotos com os meus amigos e com os músicos… Enfim, foi divertido à beça. O meu “grande problema” começou com a descrição do álbum: “dia foda”.
Esse título rendeu um sonoro:  “que coisa feia, isso não fica bem para uma mocinha de família como você”,  num comentário vindo de uma pessoa  que sempre  disse gostar de mim como filha. A  princípio, pensei que era um daqueles sermões que, de brincadeira, as pessoas fazem umas com as outras. Até que a tal pessoa veio falar comigo seriamente. Isso mesmo, falar seriamente sobre o problema da minha boca suja.
Daí que eu acabei me sentindo mal.  Fiquei com vergonha do que eu postei e essa vergonha foi tanta, que acabei apagando o álbum todo. Deixei de compartilhar os registros de um dia incrível que tive por conta de quatro letrinhas que juntas, seriam impronunciáveis para uma “moça de bem” como eu. E ainda por cima, pedi desculpas para a pessoa. Mesmo sabendo que aquele espaço era meu.
Naquela época eu ainda não sabia que não existem discursos neutros.  Todos eles carregam alguma ideologia, algo subliminar que as vezes não percebemos porque já está introjetado em nossa cultura e em nossos valores. A mensagem por trás do recado que aquela pessoa me deu era, basicamente: “por ser mulher, você deve ter cuidado com o que diz. É feio mulher que fala o que quer. Deixe os palavrões para os homens, que são brutos por natureza e precisam extravasar.”
Se eu fosse homem seria bem difícil ouvir algo do tipo. É que proferir sonoros palavrões não combina com mocinhas como eu. Gente como eu não sente raiva, não se empolga com nada, não mete o dedão do pé com tudo numa quina de mesa. Gente como eu só deveria  sorrir e falar sobre coelhos, maquiagem, namorado, cores de cortina…   Não que eu defenda o uso das chamadas palavras de baixo calão em todas as situações de comunicação, mas me parece um tanto quanto obtuso censurar a todo custo o seu uso. Principalmente se quem usar for mulher.
Outra coisa: já repararam como nosso léxico é machista também? Tomemos como exemplo o caralho. Caralho remete ao pênis e é um palavrão bem “popular”. Podemos usá-lo em momentos de raiva ( caralho, perdi minha chave!); de alegria ( passei no vestibular, caralho!); para enaltecer alguma coisa (aquele filme é do caralho!)… Vocês  já imaginaram trocar esse  caralho por buceta?  Estranhariam? Por que será que embucetar ( de modo chulo)  quer dizer que algo complicou?  Se a gente parasse para analisar vários termos chulos, certamente perceberíamos muitos outros exemplos.
Ah, a quem possa interessar… Hoje, a tal pessoa que me considerava filha  e dizia se preocupar tanto comigo provavelmente não lembra mais que eu existo. Não guardo ressentimento algum, espero que elx esteja bem e feliz. Mesmo sem nunca (duvido) ter falado um palavrão.
Publicado em alma biscate, biscatagi

O melhor video do ano



http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=6EYmKAs7mzc 

Comissão da Verdade SP terá audiência sobre relação FIESP e Consulado dos EUA com a ditadura



A Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva” convida para uma audiência pública na qual irá apresentar documentos oficiais da ditadura militar, encontrados no Arquivo Público do Estado de São Paulo, onde há indícios de relações entre membros da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e do Consulado dos Estados Unidos com os órgãos de repressão da ditadura militar (1964-1985). A audiência ocorrerá no dia 18 de fevereiro de 2013, a partir das 14 horas, no Auditório Paulo Kobayashi na Assembléia Legislativa de São Paulo.
Contamos com a sua presença.
Audiência Pública:
Relação entre FIESP e Consulado dos EUA com ditadura militar
Data: 18/02, segunda-feira, 14h.
Local: Auditório Paulo Kobayashi, Piso Monumental - Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Avenida Pedro Álvares de Cabral, 201 – Ibirapuera.
Realização: Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”
AUDIÊNCIAS PÚBLICAS PROGRAMADAS PARA FEVEREIRO
Acompanhe a Programação das Audiências Públicas que serão realizadas pela Comissão da Verdade de SP no mês de fevereiro. Todas as audiências serão realizadas na Assembleia Legislativa de SP.
19/02, terça-feira, 10h - Caso Aylton Mortati - Auditório Teotônio Vilela (1º andar)
20/02, quarta-feira, 15h - Caso Fernando Santa Cruz - Auditório Paulo Kobayashi (Piso Monumental)
21/02, quinta-feira, 10h - Caso Edgar Aquino Duarte - Auditório Teotônio Vilela (1º andar)
21/02, quinta-feira, 14h - Caso Dênis Casemiro - Auditório Teotônio Vilela (1º andar)
25/02, segunda-feira, 10h - Casos Ablilio Clemente Filho e Aluísio Palhano Pedreira Ferreira - Auditório Teotônio Vilela (1º andar)
26/02, terça-feira, 10h - Casos Honestino Monteiro Guimarães, José Maria Ferreira Araújo e Paulo Stuart Wright - Auditório Teotônio Vilela (1º andar)
27/02, quarta-feira, 10h - Casos Luiz Almeida Araújo, Issami Nakamura Okano - Auditório Teotônio Vilela (1º andar)
28/02, quinta-feira, a partir das 10h - Casos Davi Capistrano, Elson Costa, Hiram de Lima Pereira, João Massena Melo, José Montenegro de Lima, José Roman, Luiz Ignácio Maranhão Filho, Nestor Vera e Walter de Souza Ribeiro - Auditório Teotônio Vilela (1º andar)
COMISSÃO DA VERDADE DO ESTADO DE SÃO PAULO “RUBENS PAIVA”
(55 11) 3886-6227 / 3886-6228
contato@comissaodaverdadesp.org.br
Avenida Pedro Álvares de Cabral, 201, piso Monumental –  Ibirapuera - CEP 04097-900 – São Paulo / SP.

500 Years of Female Portraits in Western Art


http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=nUDIoN-_Hxs
 

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