segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Veríssimo Deus hipotético

Um religioso dirá que não faltam provas da existência de Deus e da sua influência em nossas vidas. Quem não tem a mesma convicção não pode deixar de se admirar com o poder do que é, afinal, apenas uma suposição. A hipótese de que haja um Deus que criou o mundo e ouve as nossas preces tem sobrevivido a todos os desafios da razão, independentemente de provas.

 Agora mesmo assistimos ao espetáculo de uma empresa multinacional às voltas com a sucessão no comando do seu vasto e rico império, e o admirável é que tudo — o império, a riqueza e o fascínio dos rituais e das intrigas da Igreja de Roma — seja baseado, há 2000 anos, em nada mais do que uma suposição.

Todas as religiões monoteístas compartilham da mesma hipótese, só divergindo em detalhes como o nome do seu deus. E todas têm causado o mesmo dano, em nome da hipótese.

Não é preciso nem falar no fundamentalismo islâmico, que aterroriza o próprio islã. Há o fundamentalismo judaico, com sua receita teocrática e intolerante para a sobrevivência de Israel.

O fundamentalismo cristão, que representa o que há de mais retrógrado e assustador no reacionarismo americano, e as religiões neopentecostais que se multiplicam no Brasil, quase todas atuando no limite entre o curandeirismo e a exploração da crendice. A Igreja Católica pelo menos dá espetáculos mais bonitos, mas luta para escapar do obscurantismo que caracterizou sua história nestes 2000 anos, contra um conservadorismo ainda dominante. A hipótese de Deus não tem inspirado as religiões a serem muito religiosas.

Há aquela parábola do Dostoievski sobre o encontro do Grande Inquisidor com Jesus Cristo, que volta à Terra — o filho da hipótese tornado homem — para salvar a humanidade outra vez, já que da primeira vez não deu certo. Os dois conversam na cela onde Cristo foi metido por estar perturbando a ordem pública, e o Grande Inquisidor não demora a perceber que a pregação do homem ameaçará, antes de mais nada, a própria Igreja, a religião institucionalizada e os privilégios do poder.

Não me lembro como termina a parábola. Desconfio que, se fosse hoje, deixariam o Cristo trancado na cela e jogariam a chave fora.

Internet

"A internet deu poder às pessoas que não o tinham ao possibilitar o acesso a todo tipo de informação em nível global. Mas, ao mesmo tempo, há um contrapeso a isso, um poder que usa a internet para acumular informação sobre nós todos e utilizá-la em benefício dos governos e das grandes corporações. Hoje não se sabe qual destas forças vai se impor. Nossas sociedades estão tão intimamente fundidas pela internet que ela se tornou um sistema nervoso de nossa civilização. Neste sistema nervoso há vários aparatos do Estado. O Google é excelente para obter conhecimento, mas também está fornecendo conhecimento sobre os usuários. Ele sabe tudo o que você buscou há dois anos. O problema é que o Google é uma empresa sediada nos Estados Unidos;passa informação ao governo de maneira rotineira. Informação que é usada para outros propósitos que não o conhecimento. É algo que nós, no Wikileaks, sofremos em primeira mão e que vem ocorrendo com muita gente"  Julian Assange


A OPINIÃO DE UM MILITAR BRASILEIRO DA AERONÁUTICA
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“Pérsia era o Centro, Grécia era a periferia.
Pérsia era culta, Grécia era bárbara. Veio o tempo;
Grécia era o centro, Roma era a periferia.
Grécia era culta, Roma era bárbara. Veio o tempo;
Roma era o centro, Bizâncio era a periferia.
Roma era culta, Bizâncio era bárbara. Veio o tempo;
Bizâncio era o centro, os árabes estavam na periferia.
Bizâncio era culta, os árabes eram bárbaros. Veio o tempo;
Os árabes estavam no centro, a Península Ibérica era a periferia.
Os árabes eram cultos, a Península Ibérica era bárbara. Veio o tempo;
A Península Ibérica era o centro, a Inglaterra era a periferia.
A Península Ibérica era culta, a Inglaterra era bárbara. Veio o tempo;
A Inglaterra era o centro, a América era a periferia.
A Inglaterra era culta, a América era bárbara. Veio o tempo;
A América é o centro. A América é culta. O tempo virá…”
A INFLUÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS NO BRASIL
Por Manuel Cambeses Júnior*
As dimensões geográficas, demográficas e econômicas do Brasil, seu potencial, sua privilegiada posição geopolítica e geoestratégica no continente sul-americano, voltado de frente para o continente africano, o tornam o único possível rival à influência hegemônica dos Estados Unidos no Hemifério Ocidental Sul.
Assim, a estratégia estadunidense geral visa preservar a aproximação com o Brasil, aumentar a sua influência sobre a elite brasileira, convencê-la da inevitabilidade, irresistibilidade e dos benefícios da influência hegemônica e da liderança norte-americana no hemisfério. Em segundo lugar, cooperar para que o país se mantenha como ponto de equilíbrio ao sul, mas que ao mesmo tempo não de desenvolva, econômica e militarmente, em níveis que possam torná-lo competitivo com os Estados Unidos, em termos de influência econômica e política, na região do Hemisfério Ocidental.
Desta forma, ao mesmo tempo em que se aplicam ao Brasil alguns dos objetivos estratégicos em nível mundial e para a América Latina, é possível identificar objetivos estratégicos específicos da superpotência hegemônica para o Brasil.
Do ponto de vista de sua estratégia militar, os EUA têm procurado, em primeiro lugar, manter a influência americana sobre a doutrina e o equipamento militar brasileiro, enquanto, a partir da queda do Muro de Berlim e dentro do enfoque geral de desarmamento da periferia, argumentam que a inexistência de inimigos, ameaças, visíveis no momento atual, fazem prever uma era de paz perpétua, em que as Forças Armadas brasileiras devem ser reduzidas em efetivos e se adaptar à luta contra os “novos inimigos”, quais sejam, o narcotráfico, o terrorismo, etc. Em segundo lugar, sua estratégia tem como objetivo evitar o surgimento de uma indústria bélica brasileira de nível competitivo e, muito em especial, evitar a aquisição pelo Brasil de tecnologias de armas modernas e de destruição em massa.
A estratégia política norte-americana em relação ao Brasil tem como seu principal objetivo apoiar os governos brasileiros que sejam receptivos à iniciativas políticas americanas no hemisfério e em geral e, simultaneamente, manter canais abertos ao diálogo com a oposição, mesmo a oposição a esses governos “simpáticos”. Como corolário desse objetivo maior, a estratégia estadunidense procura evitar a articulação brasileira com outros Estados que possa pôr em risco a hegemonia e a capacidade de negociação americana.
Um aspecto de sua estratégia tem sido convencer a sociedade e o governo brasileiro da “culpa exclusiva” brasileira pela situação de direitos humanos no país e pela situação de subdesenvolvimento em geral e até eliminar o conceito de “desenvolvimento”, substituindo-o pela noção de injustiça. A lapidar frase “O Brasil não é mais um país subdesenvolvido, é um país injusto” reflete, cabalmente, a equivocada percepção de um amplo setor da intelectualidade brasileira, e que é, cada vez mais, desmentida cotidianamente pela realidade.
No campo econômico, a estratégia americana tem como objetivo máximo assegurar a maior liberdade de ação possível para as empress americanas, evitar o surgimento de empresas competidoras fortes de capital brasileiro no Brasil e, como corolário, reduzir o papel do Estado como investidor, regulamentador e fiscalizador da atividade econômica. Secundariamente, porém certamente de forma complementar, procura sugerir com insistência a adoção de políticas de “crescimento” econômico com base em vantagens comparativas estáticas e propugnar o combate assistencial à pobreza de preferência a uma estratégia de desenvolvimento econômico e social.
A estratégia ideológica, que é central para todas as demais, procura convencer a elite e a população brasileira do desinteresse e do altruísmo americano em suas relações com o Brasil, inclusive com o objetivo de garantir o apoio da elite brasileira à idéia de liderança americana benéfica no continente e no mundo. Para atingir tais objetivos, a estratégia estadunidense considera como imprescindível garantir o livre acesso dos instrumentos de difusão do American Way of Life à sociedade brasileira e formar grupos de influência norte-americana no Brasil e, como meio, formar a elite brasileira em instituições americanas.
Como reverter essa influência nefasta para a Nação? Eu diria que através de medidas governamentais – abrangendo o amplo espectro da tecitura social -, no sentido de esclarecer a sociedade brasileira das mazelas do Neoliberalismo e do “atrelamento automático” aos ditames da superpotência mundial. Faz-se mister conscientizar e mobilizar as elites brasileiras no sentido de que dispam-se do comodismo e assumam atitudes corajosas objetivando reeducar as nossas lideranças e o povo em geral, criando condições favoráveis ao florescimento de uma atitude mais nacionalista, mais patriótica e mais favorável ao surgimento de um desenvolvimento autóctene, sem a intromissão de potências estrangeiras em assuntos de natureza interna, em nosso País.
(no volume 3 do livro Temas Estratégicos: Reflexões de um “Velha Águia”, junho/2005)
*Coronel-Aviador, conferencista especial da Escola Superior de Guerra, membro titular do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil e vice-diretor do Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica (INCAER).
http://www.reservaer.com.br/biblioteca/e-books/reflexao3/

INTEGRAÇÃO SUL-AMERICANA
O Potencial Econômico da América do Sul
(http://www.senado.gov.br/comissoes/cre/ap/AP20120227_Darc_Costa.pdf)

Maria Izabel Noronha: Devemos ajudar a proteger Isadora Faber

publicado em 24 de fevereiro de 2013 às 12:40


NOTA À IMPRENSA DA APEOESP, via e-mail
Em nome da  APEOESP – Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado — de São Paulo quero manifestar minha indignação com relação às ameaças e agressões que vem sofrendo a estudante Isadora Faber, de Santa Catarina, bem como sua família.
A estudante, que criou uma página em uma rede social para denunciar o sucateamento da escola pública em que estuda, na cidade de Florianópolis, já teve sua casa apedrejada e recebeu ameaça de morte pela mesma rede social que utiliza para reivindicar melhorias na sua escola. A autora da denúncia exige que a estudante delete a página na internet, sob pena de sofrer um atentado.
Assinalo que a responsabilidade pela situação das escolas é do Poder Público, que deve prover os meios para que professores e estudantes possam desenvolver de forma tranquila o processo educativo. Sem valorização profissional do magistério e condições de trabalho para os professores e de ensino-aprendizagem para os estudantes não será possível melhorar a qualidade do ensino.
A ameaça à estudante se inscreve no quadro geral de violência presente no Estado de Santa Catarina há vários meses. A população catarinense vive em permanente insegurança, sem que as autoridades locais sejam capazes de controlar a situação. O Governo Federal acaba de enviar tropas da Força Nacional para aquele estado, num esforço para combater o crime organizado e reestabelecer a ordem social.
Autoridades federais, estaduais e toda a sociedade não podem assistir passivamente a este tipo de situação. Devemos assegurar que nada aconteça a esta jovem, que exerce com coragem seu direito de cidadã, denunciando a precariedade da educação pública em seu estado e cobrando das autoridades competentes providências para melhorá-la.
Devemos disseminar a participação social na gestão democrática da educação pública, como forma de construir um sistema educacional que atenda verdadeiramente os anseios e necessidades de todos. Devemos nos orgulhar do trabalho de Isadora Faber e ajudar a protegê-la das forças obscurantistas que querem calar a sua voz. Cabe ao Estado, no seu sentido mais amplo, garantir a segurança e a vida desta pequena cidadã brasileira.
Maria Izabel Azevedo Noronha
Presidente da APEOESP

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