domingo, 10 de março de 2013

Em protesto, professores lecionam na rua

Em protesto, professores lecionam na rua

Neste sábado assisti pela manhã a uma aula de história de Madri em pleno Paseo del Prado, a rua dos museus da cidade. Na hora do almoço, ouvi o escritor galego Carlos Taibo falar a estudantes de Ciência Política em plena Porta do Sol, a principal praça madrilenha. Dali, segui ao Templo de Debod, um parque onde professores de física instalaram telescópios para observação do sol e lecionaram sobre o astro a pessoas que passavam por ali.
Essas foram algumas das cerca de 500 aulas que professores de todas as universidades públicas de Madri lecionaram a céu aberto neste sábado na capital espanhola. Foi a segunda edição de um protesto bem singular de professores e alunos universitários contra os cortes em educação.
Desta vez, no entanto o “protesto” foi bem mais amplo. Na primeira edição, em outubro, como contei aqui, foram 123 professores de uma das universidades madrilenhas, a Complutense de Madri. Desta vez, a iniciativa mobilizou mais de 500 deles, e de todas as instituições públicas de ensino superior de Madri.
A próxima edição, que acontece em junho, já terá âmbito nacional, segundo anunciaram ontem os organizadores.
A ideia deles é mostrar a quem está fora da vida acadêmica o que se está produzindo e lecionando nas universidades de Madri, para que “a cidadania seja consciente que não pode haver uma sociedade democrática e avançada sem uma boa universidade, pública”, segundo o manifesto distribuído e lido pelos palestrantes ao início de cada aula.
Professores de física coordenam observação do sol por telescópios instalados no Templo de Debod, em Madri
Esta era, ao menos nas aulas que eu assisti, a única referência à política do governo contra a qual protestavam. No resto do tempo, professores e assistentes se preocuparam mais em discutir a ementa anunciada que falar de crise.
Mesmo assim, a comunidade acadêmica vive tempos de guerra contra o governo pelos cortes em educação e o aumento das taxas universitárias. Aqui na Espanha, alunos são cobrados, em uma pequena parte, para ingressar em cursos de graduação e pós-graduação.
O que o governo Rajoy fez foi aumentar essas taxas em até 50% no ano passado. O que, segundo noticiou o “El País” neste domingo, já provocou uma queda –a primeira em seis anos– de 8% nas matrículas em cursos de pós-graduação.
Alunos e participantes assistem a aula do escritor Carlos Taibo na Porta do Sol

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