sábado, 2 de março de 2013

Lucio de Castro

Na série de documentários que vai ao ar entre os dias 18 e 21 próximos sobre as relações ditaduras x futebol no continente (Memórias do Chumbo- O Futebol Nos Tempos do Condor), tive a honra de mais uma vez estar com mestre Eduardo Galeano, que fala no episódio sobre o Uruguai. O que ele fala abaixo está no documentário. Poderia ser sobre a necessidade de contar essa história recente do Flamengo, combater a impunidade. (Obviamente, nem é preciso dizer, no caso de lá muito mais grave, estamos falando de vidas humanas).Poderá sempre ser para qualquer caso onde se quer “quebrar o retrovisor”. Fala, Mestre:


“ Esse silêncio é o preço da impunidade do poder, que calando consegue repetir a história. Porque se você não aprende com o que aconteceu, está condenado a repetir. E aí então o problema do medo. O poder militar daqueles anos conseguiu impor uma cultura do medo. A ideia de que a denúncia do que aconteceu é um convite para retornar ao passado, para que o passado volte. A ideia de que só calando se evita o retorno a esses tempos duros, ruins, essa longa noite dos nossos países. Isso é uma infame mentira, porque na verdade só encarando a coisa como foi, recuperando a memória, você pode evitar a repetição da história. “

Vejam isso a seguir. Fala mais, Mestre: “Quer dizer, a impunidade estimula o delinquente, seja um delinquente militar, civil, seja individual, seja coletivo, a impunidade é o motor maior para a repetição dos crimes”.

“A única maneira de você evitar que a criminalidade do sistema dominante possa seguir atuando é a recuperação da memória. Não numa homenagem ao passado, ao contrário, para evitar que o passado volte. Porque quando volta, volta repetido, de maneira muito ruim. É muito terrível, eu não quero isso de volta não.”

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