segunda-feira, 11 de março de 2013

Sem cor, sem perfume, sem rosa, sem nada…

Sem cor, sem perfume, sem rosa, sem nada…

#LuzNasMulheres
Enquanto muitas mulheres foram presenteadas pelo cinismo com rosas e chocolates no 8 de Março, outras sequer são vistas como mulheres e passaram apenas mais um dia e noite à margem de tudo. A única igualdade das mulheres em situação de rua com as demais é a violência. Esses seres invisíveis só são vistos como mulheres na hora do estupro. Para elas as leis não se aplicam, exceto para criminalizar.

SUA VIDA É SUA CASA

Quase quinze mil pessoas habitam as ruas da cidade de São Paulo. Na região central contam-se 505 moradoras em situação de rua. O único direito que possuem é o de viver: viver sem uma moradia – é a contradição da grande cidade. E nos perguntamos: Como incluir as mulheres em condição de rua na cidade? Sem ter como morar, sofrem todo o tipo de violência: tem elas usado a Lei Maria da Penha? Quais as perspectivas que elas teriam? Estar em condição de rua, é reflexo do processo de urbanização excludente desse modelo de cidade?
mulheres da rua
em frente ao teatro municipal de São Paulo, abrigada sob a marquise — e em companhia — dorme
mulheres da rua
No terminal de ônibus da Lapa, reclama em voz alta sobre algo que acabara de acontecer
mulheres da rua
Caminha pelas ruas do bairro da Liberdade, na mão esquerda — o saco preto — leva seus pertences, na mão direita, milho cozido em grãos que acabara de ganhar
mulheres da rua
Dorme, na Vale do Anhangabaú
mulheres da rua
dorme na rua do Bairro da Liberdade, entre seus papelões e restos de uma sombrinha
mulheres da rua
Ao lado do quiosque, na Praça da Liberdade, dorme acompanhada
Desejei que as mulheres que observei ao caminhar e foram fotografadas, pudessem ter me visto. Quem sabe, poderia estabelecer algum diálogo: saber nome, idade e a própria história de cada uma delas.
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Toni*Antonio Miotto (Toni) é um paulistano que há 47 anos transita quase que por toda a cidade, historiador por formação, e abraçado profissionalmente a uma lente como giz. Um atento observador social caminhando e pedalando na megacidade com uma câmera na mão, que acredita na integração do sujeito com o seu contexto social.

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