segunda-feira, 13 de maio de 2013


“(…) É o que disse o outro pirata a Alexandre Magno. Navegava
Alexandre em uma poderosa armada pelo Mar Eritreu a conquistar a
Índia; e como fosse trazido a sua presença um pirata, que por ali andava
roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão
mau ofício; porém ele que não era medroso nem lerdo, respondeu assim:
“basta, Senhor, que eu porque roubo em uma barca sou ladrão, e vós
porque roubais em uma armada, sois imperador?” Assim é. O roubar
pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz
os piratas, o roubar com muito os Alexandres. Mas Sêneca, que sabia bem
distinguir as qualidades e interpretar as significações, a uns e outros,
definiu com o mesmo nome: “Eodem loco pone latronem, est piratam, quo
Regem animus latronis, est piratae habentem”. Se o Rei de Macedônia,
ou qualquer outro, fizer o que faz o ladrão e o pirata; o ladrão, o pirata e o
Rei, todos têm o mesmo lugar, e merecem o mesmo nome. ”

Padre Antônio Vieira

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